Joel Fortunato Reyes Pérez

O CAMINHO DO ESPELHO. (O reflexo de si mesmo na lingua).

O caminho do espelho.
O reflexo de si mesmo na língua.

 
 
O homem sente-se um estrangeiro entre os homens, um exilado do mundo para o qual não encontra um sentido. A minha mensagem é a de que as coisas vão mudar e têm de mudar agora. Abraçar o mundo, sem reduzí-lo. Distinguir o novo da novidade vazia, valorizar o silêncio. O homem sem rudimentos de filosofia caminha pela vida preso a preconceitos derivados do senso comum, das crenças costumeiras da sua época ou da sua nação, e das convicções que cresceram na sua mente sem a cooperação ou o consentimento da sua razão deliberativa… uma vida não examinada não vale a pena ser vivida. De um certo ponto adiante não há mais retorno. Esse é o ponto que deve ser alcançado. A reflexão permite-nos recuar, ver que talvez a nossa perspectiva sobre uma dada situação esteja distorcida ou seja cega, ou pelo menos ver se há argumentos a favor dos nossos hábitos, ou se é tudo meramente subjetivo. A dimensão do homem é o tempo. O homem é um ser temporal e, portanto, necessariamente mortal. Ele navega no tempo durante um certo tempo. O presente é fugidio. Quando pensamos que o capturamos, ele nos escapa como a água que escorre por entre os dedos quando tentamos segurá-la. O futuro é incerto, imponderável. O futuro é uma promessa. O passado passou, e dele podemos ter não mais que uma pálida lembrança. O homem se torna autêntico quando aceita a solidão como o preço da sua própria liberdade.. Devemos saber que a felicidade não é estática em seu acontecer, mas podemos mantê-la como um estado de ser, uma motivação de busca de bem viver.A solução não é se matar de trabalhar e se concentrar nisso para não se sentir sozinho. Também não é encontrar uma estratégia para driblar a solidão… mas que  não  estão  lá  de  fato,  pelo  menos  não  do  ponto  de  vista  do  seu pensamento,  das  suas  emoções,  das  suas  ideias.  Mas sentir dor ou alegria e não o demonstrar não é ocultar alguma coisa. Alguém oculta seus sentimentos quando deliberadamente os suprime (tal como alguém oculta seus pensamentos guardando seu diário preso a sete chaves, e não meramente pensando e não revelando seus pensamentos). Quando alguém exterioriza uma dor de cabeça, quando expressa um prazer, ou quando diz aquilo que pensa, não pode ser dito que os correspondentes enunciados são meras palavras e que o interno ainda está oculto. Falar do interno é uma metáfora.  Vimos  que  uma  das consequências  de  ter  isto  como  um  padrão  é a  dissociação entre  corpo e mente, entre o ambiente em que estamos e o que se passa dentro de nós. A solução é aceitar que se está só no mundo. Há sempre pessoas prontas  a dizer-nos o que queremos, a explicar-nos como nos vão dar essas coisas e a mostrar-nos no que devemos acreditar.  E a vida inteira, cada momento, cada segundo da existência, é uma experiência única pois ninguém vive pelo outro. Assim, não se pode definir a subjetividade nos moldes das ciências naturais, que, na realidade, negam nossa condição de homens dotados de vida interior. Este ideal de ciência é tonto e o seu reverso é o não menos tonto relativismo cognitivo, que declara estar a magia negra ao nível da física quântica, em termos cognitivos e epistemológicos. Sem emoções os seres humanos não existiriam; não é biologicamente possível uma espécie biológica destituída de emoções.  Afinal, a emoção é mais racional do que se diz. A confusão é precisamente esta: nós sabemos que muitas vezes as emoções roçam a loucura. Mas, precisamente, isso é uma patologia das emoções, não é a sua natureza própria.  Só podemos apreender nossa vida subjetiva sob a forma de uma história pessoal, única e intransferível.  Antes, podemos dizer aquilo que sentimos tal como podemos dizer como as coisas nos causam impacto perceptivelmente, dizer aquilo que pretendemos, imaginamos ou pensamos.  O passado está talhado em nossa memória. Ele vive em nossas tradições. Nosso corpo e as coisas que nos rodeiam estão impregnadas de história. Os pobres sofrem porque não têm o suficiente e não porque os outros têm muito.  Não há como nos livrar do que já aconteceu. Será mentira em cima de mentira, calúnia e promessas.  Existe uma meta, mas não há caminho; o que chamamos caminho não passa de hesitação… Somos descendentes e herdeiros diretos do que foi feito no tempo pretérito.  Humano, simplesmente humano. A incerteza leva-nos a pensar, a refletir, a evoluir…nasce da relação entre o homem e o mundo, entre as exigências racionais do homem e a irracionalidade do mundo. Algumas têm medo que as suas ideias possam não resistir tão bem como elas gostariam se começarem a pensar sobre elas. . Nada é mais racional do que uma emoção apropriada, e nada mais irracional do que a falta dela: alguém que não fique horrorizado com o sofrimento alheio é adequadamente descrito como desumano. E a razão é também a faculdade mais emocional dos seres humanos: mal conduzida por emoções erradas, é possível produzir as piores ideias e argumentos — racismo, fascismo — sem ver que são péssimas, só porque massajam as nossas emoções mais tontas. Como dissimulação e fingimento são sempre logicamente possíveis, não se pode nunca se estar certo de que outra pessoa esteja realmente tendo a experiência que ela pelo seu comportamento parece estar tendo.  Nomeadamente, indagando antes não se eu posso saber das experiências dos outros, mas sim se posso saber de minhas próprias; não se posso entender a “linguagem privada” de outra pessoa em uma tentativa de comunicação, mas sim se posso entender minha própria suposta linguagem privada.  O ser humano equilibrado e feliz cultiva as emoções apropriadas, que respondem à razão, e trabalha para impedir que as piores emoções lhe toldem a razão. O fato de existirmos não pode ser posto em dúvida, mas contrariando as ideias cartesianas, as interpretações da nossa condição de seres existentes não são únicas e indubitáveis, ao contrário, são diversas e diferentes.  A idéia de que a língua que cada um de nós fala é essencialmente privada, de que aprender uma língua é uma questão de associar palavras com, ou de definir ostensivamente as palavras por referência a, experiências privadas (o “dado”), e de que a comunicação é uma questão de estimular um padrão de associações na mente da pessoa ouvinte, qualitativamente idêntico ao daquele da mente do falante é uma idéia ligada a múltiplas concepções errôneas, mutuamente sustentadas, sobre a linguagem, as experiências e sua identidade. Nasceu sem o seu consentimento; o modo como se organiza é independente dele; os seus hábitos dependem daqueles que o obrigaram a aceitá-los; é incessantemente modificado por causas, visíveis ou invisíveis, que escapam ao seu controle, que regulam necessariamente o seu modo de existência, que moldam o seu pensamento e determinam a sua forma de agir. Em geral, a relação entre palavra e coisa é indirecta; é mediada por outras expressões referenciais. Ao assinalar o que tal termo nomeia ou aquilo a que se aplica, servimo-nos de outros dispositivos referenciais. Diz-se que o homem delibera quando suspende a acção da vontade; isto acontece quando dois motivos opostos actuam alternadamente sobre ele. Deliberar é amar e odiar alternadamente, é ser ora atraído ora repelido; é ser umas vezes dirigido por um motivo e outras por outro. O homem apenas delibera quando não vê distintamente a qualidade dos objectos que o afectam ou quando a experiência não possibilita uma avaliação adequada dos efeitos que a acção, mais ou menos remotamente, produzirá.  Mas a relação entre palavra e objecto não pode ser sempre indirecta neste sentido. De contrário, cada termo apenas teria poder referencial em virtude do poder referencial de outras expressões, e estas, por sua vez, apenas  indirectamente se reportariam ao mundo, e por aí em diante ad infinitum.

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Published on e-Stories.org on 23.07.2016.

 
 

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